Nos últimos anos, as empresas se viram diante de uma nova onda de transformação impulsionada pela inteligência artificial. Com promessas de ganhos exponenciais em eficiência, produtividade e inovação, a adoção de soluções baseadas em IA se tornou prioridade em conselhos administrativos e departamentos de tecnologia. No entanto, essa corrida também está gerando o agravamento da fragmentação tecnológica nos sistemas corporativos, um efeito colateral preocupante.
A pressão por resultados rápidos, aliada ao medo de ficar para trás, tem levado muitas organizações a adotarem ferramentas de IA de forma isolada. Times de negócios implementam copilots, assistentes e modelos próprios sem coordenação com a arquitetura corporativa. Essa autonomia tática, embora eficaz no curto prazo, compromete a visão sistêmica e cria novas camadas de complexidade
A IA está deixando de ser apenas uma tecnologia de automação para assumir um papel autônomo, redesenhando o papel dos sistemas empresariais. A implantação acelerada, porém, esbarra em estruturas legadas e dados desconectados, dificultando o ganho de escala.
Um dos sintomas mais evidentes da fragmentação é a multiplicidade de ferramentas adotadas por diferentes áreas. Muitas vezes, produtos de IA são contratados diretamente pelos departamentos, sem participação da TI, o que compromete a interoperabilidade, gera redundância e eleva os custos operacionais.
Segundo o Global Tech Report, da KPMG, 78% dos executivos relatam dificuldade em acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas. O temor de perder espaço para concorrentes mais rápidos têm levado empresas a investirem com base em percepções externas, muitas vezes negligenciando seu próprio contexto e infraestrutura.
Para evitar a fragmentação é preciso repensar a incorporação da IA nos fluxos de trabalho. Estudos projetam que 60% das tarefas de desenvolvimento serão automatizadas por IA até 2026, mas sem integração adequada, os ganhos podem ser neutralizados por problemas de compatibilidade.
A fragmentação prejudica a experiência dos clientes e a agilidade organizacional. Sistemas isolados comprometem a visualização unificada de dados, afetam decisões e aumentam o tempo de resposta. Simultaneamente, agentes autônomos sem governança clara geram vulnerabilidades de segurança, riscos de vazamentos e violações regulatórias.
Uma arquitetura de sistemas modular, com APIs bem definidas e camada de interoperação, é essencial para orquestrar dados e agentes. O conceito de “cérebro digital cognitivo” enfatiza que cada solução deve contribuir para um ecossistema conectado, não apenas para ganhos isolados.
Embora seja um fator de aceleração da desorganização, a IA também pode ser a chave para resolvê-la. Com a abordagem certa, é possível usar agentes inteligentes para consolidar fluxos, validar integrações e automatizar processos de governança.
Soluções baseadas em IA também podem agir como pontes entre sistemas legados e novos ambientes, criando interfaces contextuais e adaptativas. O segredo está em tratá-la como parte da arquitetura e não como um adendo temporário.
O momento exige um novo tipo de protagonismo por parte da liderança de tecnologia. O papel do CIO e do CTO não é apenas garantir operação e inovação, mas evitar que a própria transformação digital crie estruturas caóticas.
Mais do que nunca, é preciso que as escolhas tecnológicas tenham um eixo comum, orientado por interoperabilidade, segurança e propósito. A inteligência artificial tem o potencial de remodelar os sistemas corporativos, mas isso só será possível se houver um plano claro para impedir que a fragmentação se torne o novo normal.
A Luby atua ao lado de grandes empresas na construção de soluções integradas e escaláveis, com foco em eficiência, governança e fluidez entre sistemas. Se a sua organização está lidando com os efeitos da fragmentação tecnológica, fale com a gente.
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