Como inteligência artificial e compliance estão redefinindo bancos e fintechs no Brasil
2 de setembro de 2025

A inteligência artificial já faz parte da rotina do setor financeiro brasileiro, acelerando processos, criando novos serviços e moldando experiências mais fluidas para clientes. Mas à medida que a tecnologia ganha espaço, cresce também a necessidade de decisões automatizadas que sigam critérios claros, auditáveis e alinhados às regras do setor.
É nesse ponto que a combinação entre inteligência artificial e compliance se torna uma estratégia central. De bancos a fintechs, as instituições que conseguem equilibrar inovação com responsabilidade regulatória estão criando vantagens reais e sustentáveis.
Investimentos em IA financeira
O mercado financeiro brasileiro tem apostado suas fichas na inteligência artificial. Segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, os bancos já destinaram R$47,8 bilhões em tecnologia, representando um crescimento de 13% comparado ao ano anterior. Além disso, oito em cada dez bancos já incorporaram IA generativa em suas operações.
Esses números não são mera coincidência. Instituições como Itaú, Bradesco e Santander reportaram ganhos de eficiência, com aumentos médios de 11,4% nos processos após implementação de IA. Enquanto isso, 38% das instituições alcançaram melhorias superiores a 20%. O Itaú, por exemplo, já opera com mais de 1.300 modelos de IA simultaneamente, demonstrando como a tecnologia se espalhou por praticamente todos os departamentos bancários.
No entanto, esse crescimento trouxe também a percepção de que inovação sem governança é receita para desastre. Por isso, a discussão sobre compliance deixou de ser um obstáculo para se tornar o diferencial estratégico das instituições mais bem-sucedidas.
O desafio regulatório
A regulamentação da IA no Brasil encontra-se em um momento decisivo. O Projeto de Lei 2338/2023, já aprovado pelo Senado, estabelece um marco regulatório que pode moldar definitivamente como bancos e fintechs utilizarão inteligência artificial. Diferentemente do rigoroso modelo europeu, o Brasil busca um equilíbrio que preserve a inovação sem comprometer a segurança dos consumidores.
Dário Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, deixou claro durante audiência pública que “a regulação traz previsibilidade e atração de investimento ao país”. Essa abordagem parte da experiência do Brasil com marcos como o Pix e o Open Finance, mostrando que é possível criar regras claras sem frear a inovação.
O novo marco legal estabelece uma abordagem baseada em riscos, categorizando sistemas de IA desde “risco excessivo” (proibidos) até “baixo risco” (com regulamentação mínima). Para o setor financeiro, isso significa que as instituições precisarão realizar avaliações de impacto algorítmico antes de implementar soluções de alto risco, garantindo transparência e rastreabilidade das decisões automatizadas.
As penalidades são significativas, com multas de até R$50 milhões ou 2% do faturamento por infrações. Contudo, especialistas do setor veem isso como uma oportunidade para construir confiança com clientes e reguladores, estabelecendo um diferencial competitivo sustentável.
Inovação responsável na prática
As instituições financeiras brasileiras já demonstram como é possível combinar inovação agressiva com compliance rigoroso. O Bradesco desenvolveu a BIA generativa, que atende 3 milhões de clientes com taxa de resolução de 90%. Mais importante ainda, a instituição criou a plataforma BRIDGE, que oferece mais de 1.000 modelos pré-configurados com camadas de controle e IA responsável integradas.
O Santander lançou o Pitch Maker, um assistente que ajuda assessores a preparar conversas personalizadas com investidores em questão de segundos. A ferramenta combina dados de mercado, portfólio do cliente e perfil de risco, mas sempre mantém supervisão humana no processo de tomada de decisão.
Já o Itaú introduziu a “Inteligência de Investimentos”, inicialmente disponível para 10 mil clientes como projeto piloto. A abordagem cuidadosa reflete a estratégia de escalabilidade responsável, testando a solução em ambiente controlado antes da expansão total.
Esses exemplos mostram que o impacto da IA vem menos da tecnologia em si e mais da governança que a sustenta.
Agilidade com responsabilidade
As fintechs brasileiras, representando 58,7% de todas as startups financeiras da América Latina, adotaram uma abordagem ainda mais direta. Segundo a Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2025, 67% das fintechs estão desenvolvendo soluções baseadas em IA – mais que o dobro comparado ao ano anterior.
O foco inicial concentra-se na automação de processos de back office, aumentando eficiência e reduzindo custos operacionais. Essa estratégia permite que as fintechs escalem operações sem necessidade de grandes ampliações de equipe, mantendo a agilidade característica do setor.
Ao mesmo tempo, 74% relataram aumento de lucratividade, enquanto 75% registraram redução de custos com a tecnologia.
Laboratórios de inovação segura
Uma das principais ferramentas para equilibrar inovação e compliance são os laboratórios de inovação segura, os sandboxes regulatórios. No Brasil, CVM, SUSEP e Banco Central operam ambientes controlados onde instituições podem testar soluções inovadoras com flexibilização regulatória temporária.
Esses “laboratórios regulatórios” permitem que bancos e fintechs experimentem com IA em decisões de crédito, detecção de fraudes e personalização de produtos sem comprometer a estabilidade do sistema financeiro. A experiência prática gerada nesses ambientes controlados informa tanto as instituições quanto os reguladores sobre melhores práticas.
O futuro da IA financeira responsável
O Brasil está bem posicionado para liderar essa transformação na América Latina. Com um marco regulatório equilibrado, ecossistema de inovação maduro e instituições financeiras experientes, o país pode se tornar referência mundial em IA financeira responsável.
Mais do que algoritmos, essa transformação passa por cultura, estratégia e governança. Bancos e fintechs que tratam a IA com responsabilidade estão se posicionando com clareza diante de clientes, reguladores e investidores.
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