Fraudes em fintechs no Brasil e a nova geração de ataques invisíveis
14 de outubro de 2025

As fraudes em fintechs estão crescendo em ritmo alarmante no Brasil. Enquanto plataformas financeiras investem milhões em segurança tradicional, criminosos sofisticados exploram brechas invisíveis que escapam aos controles convencionais.
Dados do Banco Central revelam que R$4,9 bilhões foram perdidos em fraudes via PIX apenas em 2024, enquanto 24 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes financeiros entre julho de 2024 e junho de 2025.
A natureza invisível das ameaças modernas
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil registrou mais de 1,9 milhão de tentativas de fraude de identidade, tornando-o um dos países mais vulneráveis globalmente a esse tipo de crime. As fraudes com deepfake cresceram 822%, demonstrando como criminosos adotam tecnologias avançadas para criar identidades sintéticas praticamente indetectáveis.
Diferentemente das fraudes tradicionais baseadas em identidades roubadas, os fraudadores combinam dados reais com informações falsas para construir personas totalmente novas. Essas identidades passam facilmente pelos sistemas de verificação KYC, especialmente em fintechs que ainda dependem de modelos estáticos. O roubo de celulares, comum no Brasil, alimenta diretamente essa cadeia criminosa, permitindo que dados pessoais e acessos bancários sejam utilizados em fraudes complexas.
Estas identidades sintéticas são construídas ao longo de meses, estabelecendo históricos legítimos antes de serem utilizadas em fraudes massivas. No contexto brasileiro, em que dados pessoais circulam amplamente no mercado negro, a criação de identidades sintéticas torna-se ainda mais fácil.
Ataques silenciosos em integrações de API
As fraudes em fintechs também se propagam por meio de APIs financeiras vulneráveis. No Brasil e na América Latina, ataques desse tipo cresceram 681% nos últimos anos. Cerca de 95% das empresas enfrentam problemas de segurança em suas APIs, mas muitas subestimam a gravidade do risco.
A Operação Carbono Oculto da Receita Federal expôs como uma fintech brasileira atuou como “banco paralelo” do PCC, movimentando R$46 bilhões entre 2020 e 2024. Este caso ilustra como integrações frágeis permitem que organizações criminosas explorem brechas regulatórias e técnicas para operar sistemas financeiros paralelos.
Esses ataques exploram especialmente validações frágeis, autenticações incorretas e a falta de controle sobre a entrada de dados. Em um ambiente regulatório fragmentado, a ausência de visibilidade entre instituições cria o cenário ideal para a manipulação de transações e a lavagem de dinheiro em fintechs.
PIX e a velocidade que facilita fraudes invisíveis
Criado para promover inclusão financeira, o PIX também se tornou um dos principais vetores de fraude no país. Somente em 2025, mais de um milhão de tentativas de fraude via PIX foram registradas em dois meses consecutivos, o que mostra a industrialização do crime financeiro no Brasil.
A rapidez das transações cria brechas que criminosos exploram por meio de contas de passagem e contas-bolsão, dificultando o rastreamento dos recursos. Entre 2023 e 2024, os prejuízos com fraudes via PIX cresceram 70%, consolidando essa modalidade como a favorita dos fraudadores.
A falta de visibilidade sobre os beneficiários finais, especialmente em estruturas que envolvem múltiplas fintechs, gera pontos cegos explorados de forma sistemática. Em 2024, 3,4 milhões de solicitações de devolução foram rejeitadas por falta de saldo, o que evidencia a eficiência das táticas de esvaziamento rápido de contas.
A falsa sensação de controle
Muitas fintechs brasileiras operam sob uma ilusão de controle baseada apenas na conformidade regulatória. O modelo de conta-bolsão, ainda amplamente usado, cria uma opacidade estrutural que dificulta o rastreamento de transações individuais e favorece o anonimato de fluxos financeiros suspeitos.
A Receita Federal identificou o uso dessas brechas por instituições que mascaram o volume real de valores movimentados pelos clientes. Essa fragmentação entre tipos de instituições impede a rastreabilidade completa e enfraquece o combate às fraudes nas fintechs.
Limitações dos controles tradicionais
Sistemas baseados em regras estáticas não conseguem lidar com o cenário atual, em que há um ataque cibernético a cada 2,2 segundos no Brasil. Embora o Banco Central tenha implementado medidas emergenciais, como o bloqueio de chaves PIX suspeitas e a criação de uma “lista suja” nacional, essas ações são essencialmente reativas.
Casos como o da C&M Software, em que criminosos desviaram R$1 bilhão por meio de vulnerabilidades em sistemas de terceiros, demonstram que o ecossistema fintech brasileiro continua exposto. Fraudes fracionadas entre R$1 milhão e R$10 milhões foram usadas para burlar mecanismos de controle, evidenciando como as táticas criminosas evoluem em paralelo às lacunas regulatórias.
A falta de segregação adequada em contas-bolsão permite que recursos ilícitos se misturem a transações legítimas, criando zonas cinzentas de difícil detecção.
Arquiteturas resilientes e observabilidade inteligente
Monitoramento comportamental no PIX
A observabilidade aplicada às transações PIX permite detectar anomalias sutis e comportamentos atípicos que escapam aos controles tradicionais. Soluções de IA antifraude, como a da TIVIT, já demonstram eficácia na detecção proativa de fraudes em tempo real.
Análise de grafos neurais para redes criminosas
As Graph Neural Networks mapeiam conexões entre organizações criminosas e suas operações financeiras, identificando redes complexas de lavagem de dinheiro e estruturas como contas-bolsão e empresas de fachada.
Automação antifraude com IA adaptada ao mercado
Algoritmos de IA treinados com dados locais processam grandes volumes de transações PIX e identificam fraudes quase em tempo real. Essa análise preditiva contextualizada permite aplicar autenticações adicionais apenas quando há risco real.
Biometria comportamental invisível
A biometria comportamental analisa padrões como a velocidade de digitação e a pressão de toque, criando uma camada de segurança invisível para transações móveis. Combinada a outros mecanismos, reduz os falsos positivos e detecta tentativas de invasão adaptadas às táticas brasileiras.
O futuro da segurança nas fintechs brasileiras
A escalada das fraudes em fintechs exige uma mudança profunda na forma como o setor encara a segurança. Controles baseados apenas na conformidade regulatória são insuficientes para enfrentar ameaças que exploram os pontos cegos da infraestrutura financeira.
Investir em observabilidade, IA e biometria comportamental é o caminho mais eficiente para proteger operações, reduzir perdas e reforçar a confiança no ecossistema financeiro brasileiro.
Conheça como a Luby desenvolve soluções de segurança e compliance para fintechs, com foco em IA adaptada ao contexto brasileiro e na integração com ambientes regulados. Fale com um de nossos especialistas!
