Squads Ágeis sem direção: quando a autonomia cria silos, não soluções
21 de outubro de 2025

Você implementou squads ágeis em sua organização. Descentralizou o poder de decisão. Conferiu autonomia aos times. E, no entanto, algo não vai bem. Os projetos continuam atrasando. A comunicação entre as equipes é difícil. Existe uma sensação de que cada squad navega sozinho, sem rumo claro.
Se essa descrição parece com sua realidade, você pode estar enfrentando um dos maiores paradoxos da transformação ágil: autonomia sem alinhamento não liberta os times, ela os aprisiona em silos.
O mito da autonomia total
Quando as organizações começam a adotar squads ágeis, frequentemente interpretam autonomia como liberdade irrestrita. Deixam que cada time decida não apenas como trabalhar, mas também o que fazer, com quem fazer e para qual objetivo. Isso soa libertador na teoria. Mas, na prática, é um convite para o caos.
A autonomia legítima em um squad não significa independência absoluta. Significa liberdade operacional dentro de um contexto estratégico claro. Um squad autônomo ainda precisa saber para onde a organização está caminhando. Caso contrário, cada equipe segue sua própria bússola, e quando múltiplas bússolas apontam para direções diferentes, o resultado não é diversidade. É fragmentação.
Os dados revelam a realidade
As pesquisas mostram claramente o impacto dessa desconexão. De acordo com a McKinsey, empresas que completam uma transformação ágil bem-sucedida têm três vezes mais chances de estar no quartil superior de desempenho. Essas organizações também conquistam ganhos de até 30% em eficiência, satisfação do cliente, engajamento e performance operacional. Por outro lado, quando a autonomia não vem acompanhada de alinhamento estratégico, esses resultados simplesmente não aparecem.
O relatório Successful Digital Transformation da VMware confirma essa diferença. Organizações de alta performance, aquelas que crescem mais de 15% ao ano, são 83% mais propensas a adotar metodologias ágeis estruturadas, contra apenas 24% entre as de baixa performance. A diferença não está em ter squads, mas em ter squads que sabem para onde estão indo e trabalham alinhadas a objetivos compartilhados.
Os riscos invisíveis de squads desalinhadas
Quando squads que se transformam em ilhas isoladas
Um dos problemas mais sutis é que squads sem direção clara podem parecer extremamente produtivas. Elas entregam sprints, fecham tickets, lançam features. Porém, se essas entregas não convergem para um objetivo comum, a produtividade é ilusória.
Considere uma empresa com três squads multidisciplinares. A squad A trabalha em melhorias no fluxo de checkout. Já a squad B refactora o algoritmo de sugestões. Enquanto a squad C otimiza a gestão de itens. Cada uma está ocupada. Cada uma está “sendo ágil”. Mas sem clareza sobre como essas iniciativas se conectam aos objetivos da empresa, nenhuma conversa significativamente com a outra. O resultado é um produto onde as entregas não se integram bem, gerando retrabalho e ineficiência.
Os custos que você não vê
Quando squads operam isoladas, a coordenação entre elas não desaparece. Apenas se torna mais cara. Em vez de comunicação fluida e integrada, surgem reuniões de alinhamento, transferências de atividades entre times, documentações de requisitos cada vez mais específicas, e tentativas desesperadas de sincronização.
Uma organização que pensava estar economizando overhead ao descentralizar decisões pode descobrir que acabou de criar uma camada nova de ineficiência. A sincronização cruzada entre silos dilata o tempo de ciclo total, reduz a qualidade das entregas e cria frustração nos times.
Além disso, sem um alinhamento claro sobre visão técnica e estratégia de produto, cada squad tende a resolver problemas à sua maneira. Isso resulta em soluções heterogêneas, frameworks diferentes, padrões contraditórios e uma base de código fragmentada. O débito técnico cresce exponencialmente. Mudanças simples exigem coordenação entre múltiplos silos. Novas features levam eternidades porque dependem de integração com código legado de outras squads.
O que diferencia squads que entregam resultado daqueles que apenas executam
Se você se reconhece nessa situação, a boa notícia é que o caminho de volta é claro e não envolve abandonar a agilidade. Envolve estruturar a autonomia corretamente. O que transforma squads desalinhadas em equipes de alta performance é estruturar a autonomia corretamente.
1. Começar pelo alinhamento
Toda squad precisa entender como seu trabalho se conecta aos objetivos gerais da organização. Isso não é microgerenciamento, é clareza. A visão deve responder perguntas simples como:
- Que problema estamos resolvendo?
- Como isso afeta nossos clientes?
- Como isso nos torna melhores que a concorrência?
Essa visão deve ser comunicada repetidamente, em múltiplos formatos, por líderes que entendem seu valor. Quando uma squad internaliza a visão estratégica, sua autonomia deixa de ser um risco e passa a ser um ativo.
2. OKRs como bússola compartilhada
Os Objetivos e Resultados-Chave (OKRs) são uma das formas mais eficazes de garantir alinhamento sem engessamento. Cada squad define seus OKRs a partir dos objetivos organizacionais. Isso cria uma cascata de clareza. Isto é, a empresa sabe aonde quer chegar, cada squad entende sua contribuição específica, e cada profissional reconhece seu papel no todo.
OKRs não determinam como trabalhar, determinam aonde chegar. Eles preservam a autonomia operacional enquanto garantem coerência estratégica.
3. Arquitetar que funciona
Muitos silos surgem de dependências técnicas desnecessárias. Se a arquitetura obriga uma squad a esperar pela outra para avançar, nenhuma metodologia resolverá o problema.
Invista em microsserviços, APIs bem definidas e padrões de integração consistentes. Assim, esse investimento inicial reduz drasticamente o overhead e aumenta a fluidez entre squads.
Além disso, crie rituais de colaboração, como guilds técnicas, comunidades de prática, sessões conjuntas de design. Esses espaços não são reuniões improdutivas, mas sim instrumentos de coesão organizacional.
4. Medir o que realmente importa
Pare de medir apenas produtividade de sprint. Comece a medir impacto de verdade:
- Velocidade de ciclo end-to-end
- Satisfação do cliente
- Impacto em objetivos estratégicos
- Retenção de talentos
Squads também precisam de liderança, mas uma liderança diferente. Não gestores que ditam o que fazer, mas líderes que mantêm a visão clara, facilitam colaboração e removem obstáculos. É preciso que os líderes comuniquem constantemente o propósito estratégico e ajuste quando percebem desalinhamento.
O paradoxo resolvido
O segredo para squads ágeis verdadeiramente eficientes é a autonomia com alinhamento. Liberdade para decidir como, mas clareza sobre o quê e o porquê. Descentralização de decisões operacionais, mas centralização de visão estratégica.
Dessa forma, quando estruturadas com assertividade, squads deixam de ser silos para se tornarem o que sempre foram destinados a ser: times autônomos, motivados e alinhados que funcionam como uma única força organizacional entregando valor consistente.
Perguntas para você se fazer
Se você está liderando uma transformação ágil, reflita com honestidade:
- Cada squad consegue articular para qual objetivo estratégico está contribuindo?
- Há claros hand-offs entre squads que poderiam ser evitados com melhor alinhamento?
- Os times se sentem conectados aos objetivos da organização ou apenas fazem seu trabalho?
- A liderança comunica a visão estratégica com frequência suficiente?
- As métricas que você acompanha refletem o impacto real ou apenas atividade?
Se a resposta for “não” para mais de uma dessas perguntas, pode ser hora de reavaliar como suas squads foram estruturadas. Não para eliminar a autonomia, mas para estruturá-la corretamente.
Como a Luby pode ajudar sua transformação ágil
A transformação de squads desalinhadas em equipes de alta performance requer mais do que apenas adotar um framework. Isto é, requer uma mudança profunda em como você estrutura tecnologia, processos e cultura. A Luby trabalha com organizações que enfrentam esse desafio todos os dias.
Trabalhamos lado a lado com seus times não como consultores externos, mas como parceiros que entendem a complexidade real de fazer a transformação ágil funcionar.
Se você está vendo sinais de silos em suas squads, se os projetos estão demorando mais do que deveriam, ou se sente que há desconexão entre a estratégia e o trabalho realizado, a Luby pode ajudá-lo a estruturar a autonomia de forma inteligente. Entre em contato conosco para uma conversa sobre como suas squads podem deixar de ser ilhas isoladas e se tornarem um mecanismo real de entrega de valor.

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