Por dentro da transparência no Open Finance: como dados abertos ganham sentido, segurança e controle
9 de setembro de 2025

Open Finance é uma mudança profunda na lógica no funcionamento do sistema financeiro. Pela primeira vez, dados que antes ficavam retidos nas instituições passam a pertencer, de fato, às pessoas. Com regras claras sobre quem pode acessá-los, quando e para quê.
Esse novo arranjo impõe um redesenho das estruturas. A dinâmica de mercado muda, o papel do regulador se expande, e a capacidade de gerar valor deixa de estar na exclusividade da informação e passa a depender da qualidade da relação com o cliente.
Tudo isso só funciona porque há um componente invisível e essencial sustentando esse novo modelo. A transparência no Open Finance é o que viabiliza a confiança operacional, incorporada à arquitetura do sistema, aos protocolos de segurança, à rastreabilidade dos consentimentos e a uma regulação que exige interoperabilidade real.
Inovação que faz sentido começa com acesso
O maior impacto do Open Finance está na possibilidade de criar soluções que conversam com a vida real das pessoas. A partir do momento em que os dados circulam de forma segura e consentida, o sistema financeiro passa a enxergar o cliente como ele é (e não como um número de agência).
Fintechs ganham fôlego para inovar com mais velocidade. Bancos podem oferecer serviços mais personalizados, com base em uma visão mais ampla do perfil de cada cliente. Produtos deixam de ser genéricos e começam a responder melhor ao contexto de quem os usa.
Essa mudança já acontece no Brasil. Segundo o Banco Central, mais de 38 milhões de consentimentos ativos foram registrados até maio de 2025. A portabilidade automatizada de crédito permite que o cliente leve sua dívida para onde for mais vantajoso, sem fricção. Agregadores financeiros reúnem contas e investimentos em uma única interface. Modelos de análise de risco passaram a considerar dados que antes estavam isolados, o que transforma a forma de conceder crédito e avaliar capacidade de pagamento.
Esse avanço só é possível porque há transparência no Open Finance. Cada acesso é monitorado, cada autorização pode ser revogada, e os fluxos de dados seguem regras claras e auditáveis. A inovação, nesse contexto, não é estética nem superficial. Ela é funcional, contextualizada e, acima de tudo, confiável.
Confiança não é bônus, é pré-requisito
A abertura de dados só é viável quando há confiança. E, nesse contexto, confiança não é um sentimento vago. É resultado de estruturas bem definidas, padrões técnicos sólidos e uma regulação que não abre espaço para improviso.
No Brasil, o Open Finance nasceu regulado desde o início. O Banco Central criou uma arquitetura clara, com governança compartilhada entre instituições, padrões de segurança robustos e regras de consentimento que dão poder ao usuário.
Esse modelo funciona porque foi construído com transparência no Open Finance como princípio operacional, e não apenas retórico. Cada movimentação de dados é rastreável. Cada acesso segue regras auditáveis. Cada autorização pode ser monitorada e revogada, garantindo visibilidade e controle ao longo de toda a jornada.
Não se trata apenas de cumprir a LGPD. Trata-se de garantir que o sistema funcione com integridade desde a base. A confiança, nesse ecossistema, não depende da boa vontade das instituições. Ela é projetada, testada, monitorada e reforçada por boas práticas e mecanismos de transparência.
O Brasil como referência
O modelo brasileiro é estudado por outros países porque conseguiu alinhar mercado, regulação e infraestrutura com um nível raro de maturidade. Desde o início, o sistema foi desenhado com foco em interoperabilidade, governança técnica e transparência no Open Finance como base operacional.
Segundo o relatório do BID (2024), o Brasil é o país mais avançado da América Latina em Open Finance, superando inclusive regiões que iniciaram seus movimentos antes. E o impacto é mensurável.
- O Open Finance brasileiro já envolve mais de 800 instituições participantes
- Mais de 4 bilhões de chamadas de API são processadas por mês, com alta disponibilidade e segurança
- O ecossistema cresce em média 30% ao ano em volume de consentimentos
- O Brasil foi citado como referência no estudo da Universidade de Cambridge (2024) sobre infraestrutura pública digital aplicada ao setor financeiro
Além disso, o Brasil já tem outras peças importantes do quebra-cabeça. O Pix se consolidou como meio de pagamento instantâneo e de uso massivo. A identidade digital começa a ganhar escala. E a cultura de inovação regulada vem se fortalecendo.
O resultado é um ambiente fértil, onde fintechs, bancos e até empresas de outros setores podem criar soluções embarcadas, escalar novas jornadas e explorar modelos de negócio que dependem de dados em movimento.
Essa evolução não seria possível sem o compromisso com transparência no Open Finance, que garante previsibilidade, segurança jurídica e integridade técnica para todos os participantes do ecossistema.
Abrir dados sem estrutura é abrir brecha
Se o Open Finance está evoluindo bem por aqui, é porque há uma base técnica e institucional que sustenta esse avanço. Sem isso, o cenário pode ser perigoso.
Práticas como screen scraping, ainda comuns em mercados menos maduros, expõem dados sensíveis a riscos que não são visíveis para o usuário. Falta de padronização técnica e ausência de regulação abrem espaço para abusos, vazamentos e desequilíbrio competitivo.
A abertura sem critério não empodera o cliente, ela fragiliza o sistema. É por isso que não basta ter APIs funcionando. É preciso ter clareza sobre quem acessa os dados, para quê, por quanto tempo e com que nível de proteção.
O próximo passo
À medida que o Open Finance amadurece, começamos a ver um movimento maior. Os dados deixam de ser apenas compartilhados, eles passam a ser interpretados com inteligência, dentro de uma lógica de contexto.
Essa evolução prepara o terreno para o que países como o Reino Unido já chamam de smart data (dados que fluem entre setores com consentimento, interoperabilidade e transparência no Open Finance como base). O objetivo deixa de ser apenas dar acesso e passa a ser tomar decisões mais rápidas, mais seguras e mais relevantes.
Essa evolução prepara o terreno para o que países como Reino Unido já chamam de “smart data” dados que fluem entre setores, com consentimento, para gerar decisões mais rápidas e relevantes. No Brasil, esse caminho pode passar pela integração com Drex, pela expansão da identidade digital e pela criação de produtos financeiros embarcados em plataformas de consumo.
Se sua empresa quer ir além da adequação regulatória e construir soluções relevantes com base em dados abertos, fale com os especialistas da Luby. Ajudamos instituições financeiras a transformar complexidade em inteligência aplicada, com visão sistêmica, base tecnológica sólida e foco em impacto.
