17 de setembro de 2024
O modelo tradicional de segurança cibernética já não atende às exigências das ameaças modernas, especialmente no setor financeiro. Por lidarem constantemente com dados sensíveis, bancos e fintechs se tornaram os principais alvos para cibercriminosos. Um dado alarmante revela que 93% das violações no setor financeiro são motivadas por ganhos financeiros, segundo o Relatório de Investigações de Violação de Dados de 2021.
O aumento da complexidade tecnológica e o crescimento da mobilidade no trabalho elevam os riscos. Nesse contexto, a Zero Trust Architecture (ZTA) se posiciona como uma solução estratégica para enfrentar esses desafios e fortalecer a segurança operacional.
O modelo Zero Trust vai além da implementação de novas ferramentas de segurança, trata-se de uma mudança fundamental na maneira de enxergar a proteção de dados e ativos digitais através de um princípio fundamental e claro: “Nunca confie, sempre verifique”. Independentemente de onde o usuário, dispositivo ou sistema esteja localizado, todos os acessos são considerados uma ameaça em potencial e devem ser verificados constantemente. Essa mudança de paradigma é crucial para garantir que bancos e fintechs operem em um ambiente digital seguro e resiliente.
A Zero Trust Architecture propõe um afastamento do conceito tradicional de confiança implícita dentro dos perímetros da rede corporativa. Neste novo modelo, cada tentativa de acesso, seja de usuários, dispositivos ou serviços, é rigorosamente autenticada e autorizada. Nenhuma entidade é confiável por padrão, e o acesso é concedido apenas mediante uma validação contínua e contextual.
A ZTA é sustentada por pilares fundamentais que garantem a segurança em todos os níveis da organização. O pilar de identidade prioriza métodos avançados de identificação, como autenticação multifator, que verificam continuamente quem acessa o sistema. O pilar de dispositivos assegura que todos os dispositivos conectados sejam verificados e compatíveis antes de acessar serviços críticos, reforçando a proteção dos endpoints. Já o pilar de rede propõe a microssegmentação e criptografia de tráfego para evitar ataques internos e externos.
A proteção dos dados é assegurada com criptografia rigorosa em todos os estados, enquanto o monitoramento contínuo e análise detectam ameaças em tempo real. A automação minimiza erros humanos, e o pilar de governança garante que as políticas de conformidade e gerenciamento de riscos sejam seguidas rigorosamente.
Bancos e fintechs são alvos de ataques cibernéticos devido à quantidade de dados valiosos que gerenciam. Essas empresas precisam adotar uma abordagem proativa para garantir a integridade dos seus sistemas, especialmente em tempos de crescimento das operações digitais e transações em tempo real.
Além disso, regulamentações como o General Data Protection Regulation (GDPR) e o California Consumer Privacy Act (CCPA) impõem responsabilidades rigorosas quanto à proteção de dados. A Zero Trust Architecture facilita o cumprimento dessas exigências ao fornecer um controle granular sobre quem tem acesso aos dados e garantir trilhas de auditoria completas para todas as transações de segurança.
Outro dado importante é o custo médio de uma violação de dados no setor financeiro, que chega a US$ 5,85 milhões, de acordo com o relatório de 2022 da IBM Security. Esse dado revela o impacto financeiro direto que uma violação pode causar, além dos danos à reputação e da perda de confiança dos clientes. Implementar ZTA ajuda a reduzir significativamente esses riscos ao proteger melhor os dados e limitar o acesso não autorizado.
O trabalho remoto, amplamente adotado após a pandemia, também aumenta a superfície de ataque. À medida que os funcionários acessam sistemas bancários fora dos perímetros da rede corporativa, a necessidade de verificação contínua e controles rígidos torna-se ainda mais crítica.
A adoção da Zero Trust Architecture proporciona benefícios tangíveis que vão além da proteção contra ataques cibernéticos. Aqui estão alguns dos principais ganhos estratégicos para bancos e fintechs que adotam esse modelo:
Mesmo que um atacante consiga violar um ponto de acesso, o impacto é limitado pela segmentação de rede e pelo controle rigoroso de privilégios. Isso evita que o atacante se mova lateralmente para outros sistemas críticos, restringindo o alcance da violação.
A ZTA assegura que cada usuário, dispositivo e sistema só tenha acesso ao que for estritamente necessário. Isso não apenas minimiza a superfície de ataque, mas também permite que as operações continuem funcionando de forma eficiente, sem a interferência de acessos desnecessários.
O setor financeiro é altamente regulado, e a conformidade com legislações de proteção de dados é essencial. A ZTA facilita a auditoria e o monitoramento contínuo, gerando relatórios detalhados sobre todas as atividades de acesso, o que ajuda a garantir a conformidade com as regulamentações.
O monitoramento contínuo de acessos e o uso de tecnologias como Machine Learning e análise de comportamento facilitam a detecção precoce de atividades suspeitas, permitindo respostas rápidas e proativas antes que a ameaça cause danos significativos.
A transformação digital traz oportunidades, mas também riscos. A ZTA permite que as instituições financeiras integrem novas tecnologias de maneira segura, especialmente no que se refere à migração para a nuvem e à implementação de APIs. Isso é fundamental para a criação de novos produtos e serviços sem comprometer a segurança.
A implementação da Zero Trust Architecture (ZTA) nas instituições financeiras exige uma abordagem cuidadosa devido à dependência de infraestruturas legadas. A integração com esses sistemas antigos pode ser complexa e dispendiosa, uma vez que a modernização é necessária para garantir segurança a longo prazo. Além disso, o processo vai além da tecnologia, exigindo uma mudança cultural. As equipes devem ser treinadas para aderir a novas políticas de segurança, o que envolve tempo e recursos significativos.
Outro desafio importante é o alto custo inicial e a complexidade da implementação, especialmente para grandes instituições com várias filiais e sistemas interconectados. Embora os custos possam ser elevados no começo, os benefícios a longo prazo, como a redução de violações de segurança e o cumprimento das regulamentações, justificam o investimento.
A implementação bem-sucedida de uma Zero Trust Architecture exige um plano bem estruturado. Aqui estão as principais etapas que as instituições financeiras devem seguir:
É essencial realizar uma análise completa da infraestrutura de rede, identificando todos os fluxos de dados e possíveis vulnerabilidades. Isso permite uma visão clara dos pontos de acesso e áreas que necessitam de reforço.
Com base no princípio do menor privilégio, é fundamental estabelecer políticas claras para cada função dentro da instituição. Cada colaborador ou sistema deve ter permissões estritamente limitadas ao necessário para suas tarefas.
A Autenticação Multifator (MFA) deve ser integrada para garantir que cada solicitação de acesso seja verificada com múltiplos fatores de autenticação, como senhas e dispositivos físicos. Isso evita que atacantes usem credenciais roubadas para comprometer o sistema.
A microssegmentação permite isolar os ativos mais críticos, garantindo que, mesmo que uma área seja comprometida, o acesso a outros sistemas seja restrito. Isso é particularmente importante em operações complexas com múltiplos sistemas interconectados.
Uma Zero Trust Architecture depende de um monitoramento contínuo. As instituições financeiras precisam implementar ferramentas que analisem atividades em tempo real, detectando anomalias que possam indicar uma violação.
A adoção de Zero Trust Architecture é uma necessidade crescente no setor financeiro, dada a sofisticação dos ataques cibernéticos e a complexidade das regulamentações de privacidade de dados. Bancos e fintechs que adotarem esse modelo estarão fortalecendo suas defesas, garantindo maior confiança dos clientes e permitindo que novas tecnologias sejam implementadas de forma segura.
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